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Uso de Corda em Linhas de Vida

Pode isso, Arnaldo?

Poder, pode, mas quando o assunto é segurança tudo depende… Ao utilizar cordas ou mesmo fitas para linhas de vida, uma série de requisitos devem ser cumpridos a fim de não sermos penalizados na “cara do gol”. As cordas, geralmente compostas de elementos sintéticos e aparentemente muito resistentes, requerem maiores cuidados e manutenção que uma linha composta por materiais metálicos, como é o caso do uso de cabos de aço e seus acessórios. Similar a condição de uso dos Equipamentos de Proteção Individual, a adoção de cordas deve ser tratada com grande atenção e cuidado por parte do projetista e dos usuários do sistema em questão.

Requisitos

Como e onde serão usadas as cordas são as principais perguntas que vão nortear o uso desses elementos de sustentação para o trabalho. Para áreas com grandes vãos, locais que demandam da permanência dos componentes ao tempo e ambientes com elementos cortantes e corrosivos podem imediatamente eliminar a possibilidade da adoção de cordas, sendo indicado o uso de cabos de aço, que apresentam certa flexibilidade, porém com maior resistência ao desgaste e à ruptura. Já montagens rápidas, planejadas e projetadas para serem ancoradas a elementos fixos, serviços que demandam acessos complexos, realizados por alpinistas e profissionais especializados ou mesmo para uso em resgates e emergências, o uso de cordas e fitas  apresentam vantagem pela leveza, praticidade e maior alcance em condições extremas. Nessas condições especiais, os componentes que darão suporte as cordas devem ser projetados ou escolhidos com base nas variáveis ligadas à atividade, impactando diretamente na eficiência do sistema de segurança empregado. Para esses modelos de proteção coletiva a Norma Brasileira define o tema como Acesso por Cordas.

Material

Nesses casos, podemos fazer a seguinte analogia: quanto menor resistência ao desgaste e ao tempo, maior serão os cuidados e a qualificação profissional para o dimensionamento e utilização dos sistemas, ou seja, corda não deve ser de modo algum sinônimo de improviso, tão pouco utilize uma corda em um sistema projetado para cabos de aço e vice versa.  Modelos de cordas existem inúmeros, afinal, elas são utilizadas desde os primórdios da construção civil, porém as cordas de fibras naturais ou fabricadas com polipropileno, por resistirem pouco a exigência do trabalho e ao tempo não são aceitas, devendo ser substituídas modelos de filamentos sintéticos virgens, produzidas geralmente com polímeros de alta qualidade e múltiplos filamentos, arranjados de modo a garantir maior resistência a tensões e desgastes. Mas há detalhes importantes a serem observados: as cordas para ancoragens apresentam mais camadas tramadas e devem ser acompanhadas de certificados para a garantia da qualidade de fabricação do produto e sua rastreabilidade, conforme estabelece a ABNT NBR 15.986.

Resistência

Quando se pensa em resistência do material, a preferência  por fitas ou cordas indica uma condição diferente para a definição do fator de segurança a ser empregado, exigindo do projetista a consideração de uma carga de no mínimo 3 vezes mais para a garantia de segurança do sistema. Já no caso da aplicação de cabos de aço, o projetista pode estabelecer como mínimo 2 vezes a carga de trabalho real. É importante observar que o cálculo de uma linha de vida é compreendido por duas etapas, primeiro, é necessária a verificação dos componentes flexíveis e em segundo, as ancoragens envolvidas.

Equipamentos Individuais e Certificação

Outra importante questão é a escolha dos Equipamentos de Proteção Individuais que podem ser utilizados em paralelo com as cordas e fitas de ancoragem. Não é possível sair comprando cintos e talabartes de segurança sem que seja definido o tipo de ancoragem, as formas de acesso e quais os acessórios serão necessários para o uso de cordas em altura. Geralmente, o uso de cordas requer complementos que facilitam o acesso, porém esses itens devem ser escolhidos por profissionais que estejam capacitados em acesso por corda, uma certificação individual específica que habilita o trabalhador ao trabalho em altura de modo a atender os requisitos previstos pela ABNT NBR 15.475 – Acesso por Corda – Qualificação e Certificação de Pessoas.

É fundamental verificar sempre!

Como todo o equipamento de segurança, as verificações das cordas e fitas em etapas pré e pós atividade são indispensáveis para garantir um processo de trabalho realmente seguro e tranquilo. Quando verificamos previamente, asseguramos que a atividade poderá ser desempenhada contando com a qualidade máxima do material. Já na etapa posterior a tarefa, teremos condições de checar se houveram desgastes ou danos que apontem para a substituição dos equipamentos têxteis.  Durante a verificação é importante analisar se o produto está dentro da validação recomendada pelo fabricante, se apresenta desgaste excessivo em qualquer parte ou trechos que tenham sofrido possível abrasão, sinais de costuras desfiadas ou se existem sinais de cortes e rupturas mecânicas das fibras. Observar se as cordas ou fitas estão sujas (poeira, lama, óleo, etc.), se existe dano por produtos químicos (cimento, ácidos, abrasivos, desbotamento, endurecimento, etc.). Atenção também as fibras que por qualquer motivo tenham ficado expostas ao sol e a chuva, pois esses fatores também podem contribuir significativamente para a redução da vida útil do produto. Constatado o desgaste profundo, abrasão extensa, corte de qualquer parte, contaminação química e danos por calor é fundamental descartar o material. Caso haja evidência de  sujeira proceder com a limpeza conforme orientações do fabricante.

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